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Ipsemg sem exames, bloco cirúrgico fechado e sobrecarga de hospitais indicam má gestão, diz análise

Everaldo Domingues, de 48 anos, está há três dias internado no hospital do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg), aguardando transferência para realizar uma ressonância magnética. Com um tumor no cérebro, o servidor público sofre com a ansiedade a cada dia no leito, sem saber quando será examinado e temendo a progressão da doença. “O fato de o hospital não oferecer ressonância é um absurdo, porque a cirurgia depende dela e não pode esperar. A doença não espera”, critica Cecília Pereira Gonçalves, sogra do paciente, de 59 anos. O problema é antigo e tem se agravado: há pelo menos um ano sem aparelho de ressonância, o Ipsemg também está sem mamógrafos e sem um dos tomógrafos. Além disso, os exames de ultrassom foram suspensos por tempo indeterminado após um ar-condicionado estragar — o problema já dura mais de 50 dias, segundo denúncia dos servidores.

O sucateamento da instituição motivou uma manifestação em frente ao Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP), do Ipsemg, nessa quarta-feira (29), em meio a um janeiro conturbado para a saúde. Também sob gestão estadual, o Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), na região Centro-Sul de Belo Horizonte, fechou o bloco cirúrgico após a quebra do intensificador de imagens e de outros equipamentos essenciais para cirurgias, passando a sobrecarregar o pronto-socorro João XXIII com 200 cirurgias mensais. Poucos dias após o fechamento, a superlotação em hospitais como o Risoleta Neves foi agravada, e a rede SUS-BH suspendeu cirurgias ortopédicas eletivas em sete unidades de saúde. O Hospital da Baleia, na região Leste, também passou a operar no limite.

Na avaliação do especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, pesquisador da Fiocruz Minas, Fausto Pereira dos Santos, o que pode parecer um problema pontual, como a falta de equipamentos hospitalares, provoca retenção nos atendimentos e impacto significativo na rede de saúde. “Não ter aparelhos de exame ou cirúrgicos em uma unidade de saúde, principalmente por longos períodos, como no Ipsemg, que está sem ressonância há um ano, compromete a capacidade de resolução do hospital. Isso atrasa a liberação de pacientes, exige transferências, dificulta a realização de cirurgias, sobrecarrega outras unidades e pode, eventualmente, agravar o estado de saúde dos doentes”, pondera ele, que já atuou como Secretário de Saúde do Estado.

Fausto Pereira analisa que a precarização dos equipamentos de saúde não deveria chegar ao ponto de interromper os atendimentos, pois, por se tratar de serviços essenciais, exige uma gestão mais eficiente. “Essa questão dos equipamentos, também no Amélia Lins, é de ordem profissional: manutenções e substituições de aparelhos precisam ser ágeis. Os contratos devem incluir reparos preventivos. Problemas eventuais acontecem, claro, mas nada justifica um ano sem solução. Isso aponta para uma falha de gestão”, afirma.

“Como isso pode acontecer? Falta de maquinários, sendo que os impostos são elevados?”, questiona esposa de paciente do Ipsemg

A esposa do servidor Everaldo Domingues, que trata um tumor no cérebro pelo Ipsemg, Éryka Pereira, é tecnóloga em radiologia e conhece bem a importância dos aparelhos de ressonância magnética e mamografia no hospital. “A ressonância magnética fora de funcionamento é um problema grave. Ela é o padrão ouro para diagnosticar diversas doenças, como AVC e Alzheimer. E a mamografia também! Fundamental para detectar o câncer de mama, um dos que mais matam mulheres”, alerta.

No Ipsemg, servidores e pensionistas contribuem com 3,2% de sua remuneração para o plano de saúde. Eles podem incluir seus dependentes como beneficiários, e o Estado recolhe uma contribuição patronal para sustentar os atendimentos, feitos na rede própria ou conveniada. Para Éryka, o sucateamento dos serviços não condiz com o investimento. “Como isso pode acontecer? Falta de maquinário, enquanto pagamos um plano? Com impostos tão altos no Brasil? A saúde precisa de investimento urgente para salvar vidas”, critica.

Transparência é o primeiro passo para enfrentar os problemas da saúde
Em meio ao sucateamento e à superlotação dos hospitais em Belo Horizonte, o especialista Fausto Pereira dos Santos aponta que a transparência na gestão é o ponto de partida para melhorar os atendimentos. “É fundamental que os gestores sejam o mais transparentes possível, forneçam prazos, expliquem os problemas e detalhem a demanda. Isso já diminui o ruído e acelera as soluções”, diz.

O que diz o Ipsemg?

O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) anunciou a suspensão temporária dos exames de ultrassom na unidade. Em nota, o hospital informou que a medida visa garantir o bem-estar de profissionais e beneficiários, bem como preservar o bom funcionamento dos equipamentos conforme as orientações do fabricante.
Segundo o hospital, os exames seguem sendo realizados apenas para pacientes internados no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). “O Ipsemg reforça que, para a realização de exames de imagem, a rede de atendimento oferece outras opções, conforme indicado no Guia Médico disponível no site oficial www.ipsemg.mg.gov.br”, disse.

Sobre a falha no ar-condicionado, o instituto informou que os serviços de manutenção corretiva e preventiva nos aparelhos de ar-condicionado do Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP) estão em andamento e devem ser concluídos em breve.

Segundo a unidade, o processo de reparo foi inicialmente dificultado pela falta de peças essenciais no mercado. No entanto, peças prioritárias chegaram na última segunda-feira (27 de janeiro), possibilitando o início das intervenções. “A diretoria do Ipsemg está acompanhando de perto a situação e mantém comunicação contínua com a empresa responsável pela manutenção, que seguirá o cronograma estabelecido”, informou.

 

Fonte: Jornal O Tempo